quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O contexto da crise financeira‏

Sem qualquer dúvida, os meses de Setembro e de Outubro de 2008 terão consequências profundas e de longo prazo sobre os mercados financeiros e a economia mundial. Com os mercados accionistas a sofrerem claramente, sentimos que seria útil fornecer algum contexto, quer actual, quer histórico, aos acontecimentos ocorridos até agora, em particular porque alguns comentadores sugerem a possibilidade de uma recessão ao estilo dos anos 30 do século passado.

Crise de liquidez
Sem dúvida que os diversos Governantes e Bancos Centrais mundiais enfrentam pressões sem precedentes no sistema bancário mundial, com a liquidez congelada, pois os bancos recusam-se a emprestar uns aos outros por receio de incumprimento da contraparte.
Esta situação tem as suas raízes no colapso do New Century Financial, em Março de 2007, que mostrou a dimensão dos problemas no mercado hipotecário subprime dos EUA. Subsequentemente, tal forçou os bancos a retirarem dos balanços muitos milhares de milhões de maus créditos, com as preocupações seguintes sobre em que medida a titularização de tais dívidas se teria incorporado no sistema financeiro. O congelamento da liquidez nos mercados monetários e de crédito forçou os bancos a tentar vender esses activos problemáticos nos mercados de crédito, onde não existiam compradores, forçando ainda mais as quedas.
O crescimento económico permanece positivo
Embora pareça evidente que os mercados maduros do G7 se dirigem para uma recessão, os analistas económicos ainda prevêem uma expansão para a economia mundial como um todo, liderada pelos mercados emergentes e, em especial, pela continuação da industrialização da China e da Índia. Comparativamente com a recessão dos anos 90, esta é uma situação muito diferente. As estimativas são de que o crescimento mundial irá abrandar dos 4% em 2008 para cerca de 3,5% em 2009 - ainda muito acima do limite recessivo de 2,5% do FMI.

Acções dos Governos e Bancos Centrais
A dimensão dos números por detrás do pacote de ajuda financeira atinge os biliões de dólares, mas vale a pena colocar isto no contexto da dimensão das economias que estão a levar a cabo este salvamento.
Os números também ilustram o compromisso dos Governos em restabelecer a confiança e a estabilidade nos sistemas financeiros e, embora os montantes sejam claramente elevados, deverão ser geríveis num contexto de longo prazo. Igualmente, se uma ajuda deste tipo não fosse efectuada, registar-se-ia uma pressão de longo prazo sobre as finanças públicas, dados os maiores custos associados a um abrandamento económico muito mais acentuado e prolongado. Alguns comentadores questionaram porque o FMI não esteve envolvido em qualquer um destes salvamentos, no entanto, tal teria dado uma mensagem muito errada se economias com a dimensão dos EUA, da Europa e do Reino Unido fossem incapazes de resolver os seus próprios problemas. O que poderemos observar no futuro será o envolvimento do FMI com economias mais pequenas, tal como ajudar a Islândia a resolver os seus problemas, conjuntamente com a ajuda a economias emergentes mais periféricas.

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