sexta-feira, 28 de novembro de 2008

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O contexto da crise financeira‏

Sem qualquer dúvida, os meses de Setembro e de Outubro de 2008 terão consequências profundas e de longo prazo sobre os mercados financeiros e a economia mundial. Com os mercados accionistas a sofrerem claramente, sentimos que seria útil fornecer algum contexto, quer actual, quer histórico, aos acontecimentos ocorridos até agora, em particular porque alguns comentadores sugerem a possibilidade de uma recessão ao estilo dos anos 30 do século passado.

Crise de liquidez
Sem dúvida que os diversos Governantes e Bancos Centrais mundiais enfrentam pressões sem precedentes no sistema bancário mundial, com a liquidez congelada, pois os bancos recusam-se a emprestar uns aos outros por receio de incumprimento da contraparte.
Esta situação tem as suas raízes no colapso do New Century Financial, em Março de 2007, que mostrou a dimensão dos problemas no mercado hipotecário subprime dos EUA. Subsequentemente, tal forçou os bancos a retirarem dos balanços muitos milhares de milhões de maus créditos, com as preocupações seguintes sobre em que medida a titularização de tais dívidas se teria incorporado no sistema financeiro. O congelamento da liquidez nos mercados monetários e de crédito forçou os bancos a tentar vender esses activos problemáticos nos mercados de crédito, onde não existiam compradores, forçando ainda mais as quedas.
O crescimento económico permanece positivo
Embora pareça evidente que os mercados maduros do G7 se dirigem para uma recessão, os analistas económicos ainda prevêem uma expansão para a economia mundial como um todo, liderada pelos mercados emergentes e, em especial, pela continuação da industrialização da China e da Índia. Comparativamente com a recessão dos anos 90, esta é uma situação muito diferente. As estimativas são de que o crescimento mundial irá abrandar dos 4% em 2008 para cerca de 3,5% em 2009 - ainda muito acima do limite recessivo de 2,5% do FMI.

Acções dos Governos e Bancos Centrais
A dimensão dos números por detrás do pacote de ajuda financeira atinge os biliões de dólares, mas vale a pena colocar isto no contexto da dimensão das economias que estão a levar a cabo este salvamento.
Os números também ilustram o compromisso dos Governos em restabelecer a confiança e a estabilidade nos sistemas financeiros e, embora os montantes sejam claramente elevados, deverão ser geríveis num contexto de longo prazo. Igualmente, se uma ajuda deste tipo não fosse efectuada, registar-se-ia uma pressão de longo prazo sobre as finanças públicas, dados os maiores custos associados a um abrandamento económico muito mais acentuado e prolongado. Alguns comentadores questionaram porque o FMI não esteve envolvido em qualquer um destes salvamentos, no entanto, tal teria dado uma mensagem muito errada se economias com a dimensão dos EUA, da Europa e do Reino Unido fossem incapazes de resolver os seus próprios problemas. O que poderemos observar no futuro será o envolvimento do FMI com economias mais pequenas, tal como ajudar a Islândia a resolver os seus problemas, conjuntamente com a ajuda a economias emergentes mais periféricas.

domingo, 2 de novembro de 2008

BPN

No final de um Conselho de Ministros extraordinário, Fernando Teixeira dos Santos explicou que o Governo vai propor à Assembleia da República a nacionalização do Banco Português de Negócios.O Governo propõe que seja a Caixa Geral de Depósitos a ficar com a gestão do banco hoje gerido pela equipa de Miguel Cadilhe e que acumula perdas acumuladas próximas dos 700 milhões de euros.Teixeira dos Santos justificou a intervenção com a situação "anómala" mas também "delicada" em que se encontra o BPN. "O Governo viu-se obrigado a decidir propor hoje à Assembleia da República a nacionalização do Banco BPN. O Governo tomou esta decisão tendo em vista assegurar aos depositantes que os seus depósitos estão perfeitamente seguros", declarou Teixeira dos Santos. Teixeira dos Santos adiantou que o BPN será a partir de segunda-feira acompanhado no seu funcionamento por dois administradores do Banco de Portugal. A gestão do BPN será entregue à Caixa Geral de Depósitos, encarregue de "gerir e apresentar um plano de desenvolvimento". Questionado sobre o valor das perdas acumuladas, Teixeira dos Santos indicou que somam 700 milhões de euros, das quais, 360 milhões são associadas a operações com o Banco Insular, de Cabo Verde.O ministro, que prestará, com o Governador do Banco de Portugal, mais informações sobre a proposta em conferência de imprensa hoje à tarde, frisou que o Banco Português de Negócios "tem vindo a ter problemas de liquidez" e apresenta "uma situação de iminente ruptura de pagamentos". Teixeira dos Santos disse que o banco "não tem vindo a cumprir" com os rácios exigíveis de solvabilidade e que "um conjunto de perdas acumuladas fazem com que os capitais próprios se revelem negativos". O ministro disse que as perdas acumuladas, que atingem os 700 milhões de euros, "tem a ver com o conjunto de operações que foram investigadas" nomeadamente, com o banco Insular, de Cabo Verde. Operações que, frisou Teixeira dos Santos, deram indícios de ilicitude e ilegalidade e que foram comunicadas à Procuradoria-Geral da República, que iniciou a investigação. Considerando que a situação do BPN é "excepcional, delicada e anómala", o ministro das Finanças adiantou que aquele banco propôs ao Governo uma solução que foi rejeitada pelo executivo devido ao ónus que traria para os contribuintes.